–
Declaro perante esta sagrada congregação que minha noiva Maria, a filha de
Hanan, é casta e sem mácula. Ela é inocente de toda e qualquer culpa, pois o
culpado sou eu... Tratai-me agora de acordo com a lei.
Suas
palavras romperam a tensão reinante, seguindo-se-lhe forte reação. Punhos
cerrados o ameaçavam de todos os lados. Subia na sala um vozerio eivado de ódio
e ouviu-se, dominando aquele tumulto, Cleofas esbravejar, completamente fora de
si.
–
Hei de exigir-lhe reparações! Hei de faze-lo indenizar toda a família!
–
O que foi que eu disse? gritou o sacerdote. Por acaso faltavam jovens nesta
cidade para que abandonássemos a órfã Maria a este estranho que está fazendo a
nossa mais nobre família passar por grande vergonha?
O
rabino impôs mais uma vez silêncio à multidão. Sentia-se aliviado, sabendo que
havia afastado uma grande desgraça. Voltou-se para os parentes da noiva e
disse:
–
O nosso jovem amigo José ben Jacob acaba de declarar-nos que desposou a noiva
na maneira santificada pela Tora e pela lei de Moisés e Israel. Ele não lançou
nenhuma vergonha sobre a família e ninguém tem direito de exigir-lhe
satisfações. A partir de hoje, Maria, filha de Hana, é sua esposa legal e –
virando-se para José – faço votos para que a vossa união seja abençoada com
alegria e felicidades.
O
rabino encaminhou-se depois para José que ficara completamente confuso,
estendeu-lhe a mão. Por fim, voltou-se para os presentes e concluiu com as
seguintes palavras:
–
Povo de Nazaré! Construiu-se um novo lar em Israel! Desejemos a ele uma eterna
ventura.
O
seguinte a aproximar-se de José foi Reb Elimelech.
–
Como sabes, José, não recorremos a tal processo em Israel, e eu esperava que a
filha de meu irmão merecesse um casamento no altar. Mas com a ajuda de Deus o
teu casamento será abençoado e tua esposa te dará muitos filhos e tu lhes
proporcionarás uma boa educação.
O
velho retirou-se depois deixando José sozinho na sala do tribunal.
*
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