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domingo, 10 de abril de 2022

AS MULHERES EM ISRAEL

 

CAPÍTULO III 


A SITUAÇÃO DAS MULHERES EM ISRAEL

ERA O SONHO de todas as moças em Israel ir a Jerusalém para participar dos trabalhos nas oficinas do Templo – tecer indumentárias para os sacerdotes e cortinas para as inúmeras salas e câmaras do Santuário. Para as filhas de famílias nobres ou ricas, era um desejo muito fácil de ser realizado, pois geralmente tinham parentes influentes que moravam em Jerusalém. Mas para as de famílias pobres da Galileia, isso era um sonho quase impossível de ser realizado.

      Embora houvesse na região da Galileia lugares onde se teciam cortinas para o Templo, Reb Hanan achara que sua filha mais moça, Maria, deveria ir até Jerusalém, como as demais moças de melhores condições financeiras. Assim, quando o parente da esposa, Zacarias, filho de Aarão, do ramo de Abijah, foi nomeado para os ofícios sagrados no interior do Templo, Hanan viajou com sua filha Maria até a cidade montanhosa de Ain Karim, cidade de Judá, que ficava a seis quilômetros a ocidente de Jerusalém. Entregou a Moça aos cuidados de Elisheva (Isabel), esposa do sacerdote Zacarias, que ficariam responsáveis por ela nos dias em que passasse na cidade.

A lei havia sido muito deficiente no tocante às obrigações sacras impostas às moças em Israel. As mulheres não eram consideradas pelo que representavam com seus dons, conhecimentos e virtudes. Eram vistas tão-somente como complementos de seus maridos. Na opinião dos homens, o trabalho mais importante da mulher era a concepção de filhos. Consequentemente, a função que mais orgulhava uma mulher não era a de esposa, ou de virgem, porém a de mãe. Toda moça em Israel alimentava essa ambição – casar-se com um homem honesto e dar-lhe filhos.

Como consequência, a posição de uma criança do sexo feminino era de pouco valor. Ninguém se dava ao trabalho de dar-lhe um nome que profetizasse algo de grandioso para sua vida. Adotavam simplesmente o nome de uma matriarca ou de alguma heroína que tivesse se destacado na história de Israel. Maria era o mesmo que Miriam, a irmã de Moisés, cuja grata lembrança vivia acesa nos corações dos judeus. O nome era dado frequentemente às recém-nascidas, mesmo que houvesse na família outras mulheres com o mesmo nome. Foi o que aconteceu com as filhas de Hanan. Ambas se chamavam Maria. Para distinguirem uma da outra, chamavam uma de “a primogênita”, e a outra de “a caçula”. Com o tempo, a mais velha passou a chamar-se de Mariama, à moda aramaica.

      Apesar disto tudo na história do antigo Israel, algumas mulheres foram consideradas heroínas. Muitas delas tornaram-se imortalizadas pelas Escrituras e colocadas ao lado de seus esposos nos degraus mais altos da escada divina que Jacó viu em Betel. Sara tornou-se o principal fator na formação da nação, assim como foi seu esposo. Do mesmo modo, outras mulheres que surgiram depois – Miriam (Maria), Débora ou Hannah (Ana), mãe de Samuel – criaram raízes no espírito e na memória do povo. Essa devoção, porém, não era reservada apenas para as mulheres nascidas em Israel. Houve o caso de Rute, a quem o Senhor favorecera mais do que a qualquer mulher israelita, fazendo com que ela passasse a fazer parte da Casa de Davi, na qual estava alicerçada as esperanças de salvação de todos os judeus.

      Porém, entre todas as mães em Israel, nenhuma era mais amada do que Raquel, a noiva eleita de Jacó. Por ela o filho de Isaque trabalhara duramente durante sete anos, após ter exercido sua função de pastor durante outros sete por sua irmã Lia, que ele não amava e por quem jamais trabalharia se não tivesse sido trapaceado por seu tio Labão. Foi com dores e agonia que Raquel deu à luz seu primeiro filho, José. Ela morreu ao dar à luz outro filho, Benjamim. Entre as matriarcas, foi a única que não colocaram no sepulcro patriarcal para partilhar da sombra de Abraão, Isaque e Jacó, seu esposo apaixonado. Em contrapartida, colocaram naquele solene sepulcro sua rival Lia.

      Raquel foi enterrada às pressas, à beira da estrada, nas proximidades de Belém, como se fosse pedra inútil que alguém removesse e atirasse fora do seu caminho. Contudo, até nisso a Providência do Senhor agiu. Ela fora enterrada à margem da estrada pela qual, anos depois, Nabucodonosor, rei da Babilônia, levaria cativos os judeus para o exílio. Raquel ficou sendo o símbolo da mãe sofredora de Israel, aquela que carregava sobre seus frágeis ombros femininos todas as amarguras do povo.

     (Continua amanhã)

SHLOMO YITZHAK

França (1040-1105)

(Transcrito em português contemporâneo, adaptado, revisado e enriquecido por Jefferson Magno Costa)

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