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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Oi, eu sou Deus.

                              

   Sou Deus mesmo.

Aquele que criou os céus, a terra e toda a natureza animal e vegetal. Criei o homem, acredita? Sabia que o criei a minha imagem e semelhança? Você se parece comigo, posso perceber os traços que são fortes. Até sua personalidade, já tão deturpada, é original da minha.
É muito triste ouvir de algumas pessoas que você tem procedência animal. Acha que primeiro eu ia fazer o macaco para depois evoluir até virar seres racionais? Que tristeza! Tentam tirar o meu mérito e a glória de minha maior e melhor criação!
Você acredita que eu mandaria meu único e amado filho Jesus para sofrer e levar sobre si culpa, pecados e morrer na cruz para salvar... descendentes de macacos? Você sorriu? É, isto soa estranho mesmo!
Você ficaria abismado com o que eu ouço dos homens... , estudam, tramam, discutem e,imagine, querem descobrir como eu fiz a Eva! Você não pensa se eles não têm nada melhor para fazer? Eu sei... conheço o pensamento de cada um deles... seus desejos... e, principalmente, suas ambições. São inteligentes, mas falta a cada um deles a minha sabedoria .
Já permiti aos homens conhecerem a cura de todos os tipos de câncer, da aids e outras doenças. Eles só não descobriram ainda porque vão por caminhos errados. Vão atrás de suas ambições pessoais. Não unem esforços a favor de propósitos nobres, mas, cada um trabalha pensando em sua própria glória. Glória...! isto pertence a mim, sabia? Porque eles não se contentam com o reconhecimento e o valor da descoberta?
Não, não é o suficiente! Eles precisam ter como resultado a glória e a consagração.
Glória e consagração. Isto importa a todo mundo, não é? Alguns sabem a quem pertence. Estes são os que, como você, me conhecem. São os meus filhos.
Outros brigam, devoram-se, tentam crescer, subir e chegar a mim. Acredita que eles querem se igualar a mim?
E, minha filha, eu os permiti conhecer os mistérios da ciência, mas eles não se contentam e querem mais. Dizem coisas absurdas daquilo que para mim é tão simples. Se eles soubessem que os meus caminhos são os mais curtos, minhas respostas mais objetivas, minhas fórmulas as mais simples... Eles nem iam acreditar que eu sou Deus, porque para eles tudo tem que ser difícil e complicado. Muitos deles sequer acreditam que eu existo. Sabe por quê? Isto seria admitir que alguém acima deles seja realmente dono da "honra" e de toda "glória". Admitir que alguém tem mais poder, inclusive sobre a vida. Você já pensou que para eles é difícil acreditar que a vida me pertence? No dia em que eu soprei nas narinas de Adão, foi bom, muito bom. Tive uma sensação gostosa como ninguém jamais sentiu. Foi diferente dar a vida ao homem: foi um prazer inigualável. As vidas animal, vegetal e angelical não saíram de mim; eu criei uma vida e os dei, mas a vida do homem,esta saiu de mim. Não criei uma vida, mas tirei um pouquinho de mim, de dentro de mim e dividi com o homem. Será que minhas criaturas são capazes de criar e dar vidas como eu a dei? Diga a eles que soprem como eu soprei. Quem sabe, dá certo. Comigo deu. Eu falo, eu faço.

SEU DEUS!

At: Damaris Lisboa

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Arrependimento

 

O arrependimento é uma reflexão seguida de uma mudança de procedimento. Mas de que devemos nos arrepender, afinal? A falta de conformidade com a Lei de Deus denomina-se: pecado. E o pecado resume-se em desobediência, transgressão, iniqüidade, maldade, engano, injustiça e etc. O pecado atinge toda a raça humana, a partir de Adão e Eva. O castigo do pecado é a morte física, espiritual e eterna.

A humanidade hoje segue em passos largos para o abismo e só Jesus Cristo é capaz de mudar esse cativeiro. João O apresentou a nós dizendo: ”Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo: 1.29, parte B); mas para sermos absorvidos (perdoados) de nossos pecados, temos que nos arrepender de tê-los cometido, para que sejamos salvos no dia da vinda de Cristo. João Batista diz em Mateus: 3.2: ”Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus”. E para demonstrarmos nosso arrependimento para com Deus, devemos rever nossos conceitos, mudar de atitude e só Cristo tem o poder de mudar nossas vidas, basta querermos. Em Apocalipse 3.20 está escrito: ”Eis que Estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo”.
Quando você se arrepende de algo, você se entristece consigo mesmo e “a tristeza segundo Deus opera em arrependimento para a salvação”... (II Co: 7.10) Nós os salvos, também conhecidos por alguns como loucos, estamos cumprindo o que nos foi mandado por Deus, o “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura.”(Mc:16.15).
A você que ler esta mensagem, leve-a em consideração porque no “grande dia do Senhor”, você poderá vê-la como uma das várias oportunidades que lhe foi dada, para render seu espírito ao Deus que o formou e você deixou passar; ou como o pequeno gesto que mudou sua vida e salvou sua alma.
“Porque há esperança para arvore, que se for cortada,ainda se renovará, e não cessarão os seus frutos”. (Jó: 14.16)
Em Cristo Jesus,
Alex Holliwer
Obrigada por suas palavras,
Damaris LG

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Ele nos escolheu

 

Quero usar como base o evangelho de Mateus 24:35, é uma palavra que eu quero compartilhar porque ela é a garantia de que nós podemos celebrar e adorar ao nosso Deus. Em Mateus 24:35 diz assim:

24.35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.

Deus, te louvamos, te agradecemos, te exaltamos, te bendizemos pela Tua Palavra que é viva, eficaz, verdadeira, fala, transforma, molda, guia e nos dirige.

24.35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.

 Foi Jesus quem fez essa declaração dizendo que um dia eu e você podemos acordar, abrir a nossa janela ou a nossa porta e o céu e a terra não existirem mais, mas o que Ele falou vai se cumprir. O céu pode desaparecer, a terra pode sumir, mas o que Deus falou se cumpre. Eu vou usar como base cinco declarações de Jesus que nos garante a vitória. Nós continuaremos de pé, avante, pujante, prosperando e prosseguindo. Jesus falou que o céu e a terra podiam passar, mas as palavras que Ele falou não passariam.

 Com certeza, muitas declarações negativas vieram contra mim e contra você, tenho certeza que muitas pessoas disseram que não íamos prosperar, declararam que não íamos pra frente, que não íamos dar certo, que não íamos romper. De repente, mas os céus e a terra passarão – disse Jesus, ele falou e cumpre. “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.”.

 Todos os dias somos bombardeados por declarações negativas. Todos os dias ao levantarmos, abrir o nosso jornal, ouvirmos o rádio, nós somos bombardeados por declarações negativas que vem dizendo que nós não vamos conseguir, que não é a hora, não é o tempo, não é a maneira, não é desse jeito, não é esse negócio, não é nesse lugar, não é com essa atitude, não é com essa escolha. Todos os dias nós somos bombardeados por declarações negativas, declarações que vêm para tirar a nossa paz, a nossa alegria, o nosso ânimo, o nosso vigor, para roubar de nós os sonhos de Deus, os projetos de Deus, aquilo que Deus falou que ia fazer, aonde Deus falou que ia operar e o milagre que Deus falou que ia realizar.

 Muitas vezes, para piorar a situação, quando a gente olha para a realidade no momento, para o presente, para o nosso dia, a realidade está respaldando as declarações negativas. Então é aí que entra o texto que nós lemos, foi Jesus quem declarou: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. Por mais que a realidade grite e esteja respaldando dizendo que não vai dar certo, não é a hora, não é o lugar, não é o jeito, não é o modo, não é atitude, não é a escolha, não é o plano, não é o projeto, eu e você precisamos entender que, por mais que a realidade respalde qualquer declaração negativa, ela jamais poderá substituir a verdade de Deus para nós.

 É aí que está a diferença: a realidade é uma hoje e é outra amanhã, é composta de fatos que estão sempre mudando, sempre se alterando, mas a verdade de Deus não. A verdade de Deus é imutável, absoluta e é a verdade de Deus que tem prevalecido sobre nossas vidas e vai continuar prevalecendo, porque “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. Vamos ver cinco declarações de Jesus que nos garante que vamos continuar a vencer, vamos continuar a romper, o Senhor vai continuar a abençoar, nós vamos continuar vencendo, porque “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”.

 Primeira declaração de Jesus, sobre vitórias, de conquistas, de prosperidades, está João 15:16.

15.16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós...

 Primeira declaração de Jesus que nos garante uma vida de vitória, nos garante que vamos romper, vamos continuar crescendo. Ele escolheu você, é a primeira declaração de Jesus. Você é um escolhido de Deus, você não é obra do acaso, não é acidente cósmico, não é fruto da probabilidade. Você é um projeto de Deus na terra, você é a obra prima da criação de Deus, você é a menina dos olhos de Deus, você é o escolhido do Senhor! Por isso que você vai romper, vai vencer, vai avançar, sua vida será de bênçãos, de vitórias, de conquistas, de salvações, de libertações, de restaurações, de perdões, porque Ele te escolheu.

 Não deixe ninguém lhe enganar. Eu não sei o que as pessoas têm dito ao teu respeito, não sei o que você tem ouvido, não sei aonde você vive, aonde você cresceu, mas eu sei que a Palavra de Deus diz e que Jesus declarou: Ele escolheu você! O nosso Deus é o Senhor do tempo, a Bíblia diz que Ele é o Pai da eternidade, Ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por Ele. Deus não precisa do tempo, Ele criou o tempo, Ele trabalha no tempo, Deus estabeleceu a linha do tempo e nessa linha foi colocando eu e você. Ele foi colocando as pessoas...

 Deus nos plantou. Quando olhamos para essa declaração de Jesus dizendo que ele nos escolheu, no original está querendo dizer que ele nos plantou estrategicamente, nos projetou para um tempo, para uma época, para um momento. Você é um projeto de Deus! Você já tem os talentos, os dons, as habilidades, as características necessárias para vencer, para romper, para crescer. Não deixe ninguém dizer para você: “Você não sabe, lá em casa dizem para mim que eu nunca vou dar certo, que eu não vou pra frente, que eu não vou prosperar, que eu não vou vencer, que eu não vou romper, que tudo o que eu ponho a mão é desgraça”.

 Acredite na verdade de Deus para você, Ele escolheu você! Apóstolo Paulo escreveu em Efésios 1:4 que Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, antes que qualquer coisa fosse criada, você já estava na mente de Deus. Foi Deus quem projetou você para esse tempo, foi Deus quem projetou você para essa hora. Então se levante, olha para frente, porque Deus é contigo, vai te dar vitória, vai te fortalecer, vai te encher do Espírito Santo e o milagre vai acontecer no nome de Jesus. Deus tem escolhido pessoas para trabalhar somando, contribuindo, ajudando e se empenhando. Você é um escolhido para esse tempo, celebre ao Senhor, adore ao Senhor, Ele escolheu você, você vai vencer!

 Segunda declaração de Jesus que nos garante uma vida abençoada, está no evangelho de Mateus 28:20:

28.20 ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

 Os céus e a terra vão passar, mas as palavras de Jesus não vão passar. Ele nos escolheu, ele declarou que ele estaria conosco. Tem gente que acha isso simples demais, Jesus está contigo, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Deus Todo Poderoso, o soberano, aquele que domina sobre tudo e controla tudo, está com você. É por isso que podemos celebrar, aconteça o que acontecer, venha o que vier, haja o que houver, Jesus está contigo. Quem foge de situação difícil é o homem, Jesus não foge; eu e você de vez em quando ficamos assustados quando vemos, que está tudo meio estreito.

 Deus é especialista em situações difíceis, Ele é especialista em adversidade, não foge de problemas, Ele vai ao problema e resolve, porque Ele é Deus, é o Senhor. Jesus está contigo! No evangelho de Lucas 9 a partir do versículo 10, Jesus está ensinando a uma grande multidão que o acompanhava. O dia começou a escurecer e os discípulos ficaram desesperados: “Mestre manda esse povo embora, a gente não tem como alimentar essa multidão, a gente não tem como resolver esse problema, os manda embora”.

 Jesus mandou embora? Jesus levantou e fugiu? Jesus saiu? Não! Jesus falou para os seus discípulos: “Dai-lhes vos de comer”, vocês vão alimentar essa multidão. Jesus não foge de situação difícil! Fome aponta para necessidade básica, aponta para aquilo que é fundamental ou indispensável para a sobrevivência. De repente, você está precisando de algo que é básico, fundamental, está precisando de um emprego, precisando de uma escola para seu filho, precisando se mudar ou está morando de favor.

 Jesus trouxe você para celebrar e para lhe lembrar de que Ele não abandonou você e Ele está contigo nessa sua situação, Jesus continua contigo! Em Lucas 8 encontro uma outra situação, Jesus pega os seus discípulos e diz assim: ‘Nós vamos para outra banda do mar’, no meio do caminho se levantou um grande temporal de vento, as ondas começaram a bater sobre o barco e o barco começou a encher de água. De repente, a sua vida está assim no meio de uma tempestade, as ondas já estão passando por cima, isto é, o problema é maior, é mais forte, tem mais recurso do que você.

 De repente, o seu barco também já está enchendo de água e o barco enchendo de água atrapalha, porque quando o nível da água dentro do barco está baixo, a gente ainda consegue tirar, consegue se mexer, resolver problema aqui, resolver problema ali, resolve um aqui na frente, resolve um atrás. Mas, conforme o nível da água vai subindo, a mobilidade já começa a complicar, começamos a perder mobilidade, começamos a perder força. Só você e Deus sabe como é. É problema de tudo que é lado, temporal de vento, vem daqui, quando você menos espera já está ali, vem do outro lado, daqui a pouco vem de trás, vem da frente.

 Temporal de vento, barco já está enchendo, no início você até estava conseguindo resolver, mas agora o barco já encheu de água, você não está conseguindo mais se mexer e está começando a se sufocar. Jesus trouxe você aqui para lhe lembrar de que ele ainda está no barco, Ele não saiu do barco, não pulou fora, Jesus está contigo! A tempestade pode estar difícil, pode estar chovendo forte, a onda está passando por cima, mas Jesus não te abandona. Quem abandona é o homem, quem te deixa é o homem, mas Jesus não te deixa, Jesus não te abandona. Jesus está contigo! Ele está conosco na fome e na tempestade.

 Em Lucas 8 eu vejo outra situação... a filha de Jairo estava doente, uma situação de enfermidade. Viraram para Jairo e disseram: ‘Para de importunar o mestre, não tem mais jeito, não dá mais’. O que Jesus falou para Jairo? ‘Jairo não ouça esse bando de incrédulo, crê somente. Não dê ouvidos ao que estão falando, pode deixar que estou andando contigo, você não está vendo que estou do seu lado? Jairo, eu estou a caminho de lá. Não pare! Não volta! Não recua! Eu ainda estou andando com você’. Creia, Jesus está andando com você, Ele não parou de andar, Ele não parou de caminhar.  Jesus está dizendo para você: não dê ouvidos a eles, crê somente! Continua andando, caminhando, seguindo em frente, porque eu não abandono você, não te deixo e não te largo.

 Não desista, não pare! Podem falar o que quiser, podem dizer o que quiser, mas saiba que Jesus está contigo. Ele está conosco na fome, na tempestade e na enfermidade. Eles pegaram o barco, enfrentaram a tempestade, e com certeza vocês já ouviram que Jesus no barco não significa que o barco vai ser sempre bonança. Jesus no barco a tempestade pode até vir, mas uma coisa é certa: O destino é garantido, com Jesus no barco a gente chega do outro lado. O barco pode não chegar, mas você chega, porque Jesus está contigo; se tiver que andar sobre as águas, ele sabe como faz; se tiver que voar, ele sabe como faz. Do outro lado vocês chegam.

 Eles chegaram do outro lado, na cidade de Gadara. Saiu um homem do sepulcro, no evangelho de Marcos 5, que correntes não podiam aguentar, que ninguém podia amansar, que ele clamava dia e noite pelos montes sem direção, sem rumo. Este vai até Jesus. Jesus fugiu dele? Jesus correu? Jesus falou “isso aí é um rejeitado, está endemoninhado, está preso, acorrentado por Satanás”? Jesus fugiu? Não! Jesus foi até ele, porque Jesus está conosco! De repente, você está orando por um filho, por uma filha, Jesus está com ele lá, Jesus está com ela lá.

 Jesus não está passando a mão na cabeça, não está incentivando erro e nem pecado, claro que não! Mas Jesus está lá: ‘Eu amo você, vem! Eu amo você, quero te tirar dessa vida, sai! Eu tenho poder para te libertar, vem!’. Porque Jesus não foge de situação difícil, Jesus está sempre conosco, disposto a nos abençoar, Ele está conosco na fome, na tempestade, na doença e em situação de aprisionamento. Tem outra situação em Lucas 7 a partir do versículo 11, Jesus está entrando na cidade de Naim e ele avista um cortejo fúnebre, ele sabia que era um cortejo fúnebre, Jesus sabia que tinha um morto ali.

 Jesus fugiu? Saiu? Correu? Desviou? Foi embora? Não! Jesus não abandona a gente. A morte diz que é impossível, aquilo que já fugiu do nosso controle, já não tem mais recurso, não tem mais influência, não tem mais poder, não tem mais habilidade, não tem mais conhecimento, não tem mais sabedoria. Acabou! Não tem mais jeito, mas para Jesus tem jeito. Jesus está com você! De repente, você olha para a sua situação e é situação de morte.

 Jesus disse: ‘estou contigo, meu filho, não fugi’. É morte, é impossível, não tem mais jeito, eu estou contigo, não vou te abandonar! Quando paramos para analisar essas situações percebemos algumas coisas muito interessantes. Fome, tempestade, doença, aprisionamento e morte, situações que têm intensidades diferentes. Jesus está conosco, independente da intensidade. O que é mais simples, mais básico é a fome, morte é aquilo que é impossível, mais difícil, mais complexo, não tem como, mas Jesus está conosco. Da fome a situação de morte, Jesus está com você, Ele não te abandona, intensidade não é problema para ele.

 Encontramos uma situação onde era um homem endemoninhado, em Marcos 5, era uma pessoa só. ‘Uma pessoa só não é importante, não vai dar popularidade’, Jesus não pensa assim, Jesus está contigo! O problema só envolve você, Jesus está contigo! O grupo de pessoas era Jesus e os discípulos dentro do barco, de repente o seu problema envolve um grupo de pessoas, Jesus também está com você! De repente, é uma grande multidão, envolve muita gente, é uma dificuldade que envolve muita gente. Era multidão com fome, envolvia muita gente, Jesus fugiu? Abandonou ou correu? Não! Jesus estava lá também.

 Independente se é uma pessoa só, se é um grupo de pessoas ou se é uma multidão, Jesus está contigo, para ele não importa se é da fome a morte; para Ele não importa se é um, dez, cinco, vinte, um milhão, dois milhões, Ele está conosco! Nessas situações, verificamos outra coisa, a filha de Jairo se encontrava doente, Jairo era o principal da sinagoga. Nós temos o nome dele escrito, as pessoas o conheciam, sabiam quem ele era, era alguém que tinha status dentro da sociedade. Jairo era o principal da sinagoga, Jesus estava com ele, Jesus estava lá. Mas Jesus também levantou da morte o filho da viúva de Naim, nem ele tinha nome nem ela tinha nome, era conhecido como o filho da viúva de Naim.

 Ninguém sabe quem é, ninguém o conhecia, não era alguém que tinha status, não era alguém que tinha popularidade, mas Jesus estava lá. De repente, você pode estar pensando: ‘ninguém me conhece, ninguém sabe meu nome, ninguém se lembra de mim’. Não faz isso!  quem te criou pode esquecer-se de você, mas Deus jamais se esquece de você, Jesus está contigo! Aonde você for, onde estiver, independente do problema, independe do número de pessoas, independente do seu status social, Jesus está contigo!

  A terceira declaração de Jesus que nos garante é a vitória, que nos faz continuar a celebrar, Jesus disse que o céu pode passar, a terra pode passar, mas a palavra dele jamais passa. Ele nos escolheu, ele está conosco! Olhe a segunda parte do versículo no evangelho de Mateus 28:18, diz assim:

28.18 ...É-me dado todo o poder no céu e na terra.

 Podemos celebrar, festejar, adorar, porque a Ele foi dado todo o poder, Ele tem poder sobre todas as coisas, Ele domina sobre tudo, não existe nada impossível para o nosso Deus e o nosso Senhor. Essa é a terceira declaração de Jesus que nos garante vitória, foi dado todo o poder ao seu Deus. Sabe como é o poder Dele? Efésios 1:19 diz que Ele está acima de todo poder: principado, potestade, domínio, acima de todo nome que nomeia não somente neste século, mas também no século vindouro. O poder Dele é supremo, está acima de tudo que se chama poder; se alguém diz que tem poder, Ele está acima, está além, Ele é maior. O seu poder é supremo, o seu poder é total! Sabe o que é isso? Não existe área em que Ele não possa agir, não existe enfermidade que Ele não possa curar, não existe perigo que Ele não possa enfrentar, não existe inimigo que Ele não possa vencer, não existe obstáculo que Ele não possa transpor. Foi lhe dado todo poder! Você não está dormindo por quê? Tá perturbado por quê?  O diabo pode se levantar, circunstância pode se levantar, mas Ele tem todo o poder, age em toda e qualquer área, toda e qualquer situação, toda e qualquer circunstância.

 É supremo, é total, mas não para por aí. Esse texto de Isaías 43:13 diz:

43.13 Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?

 O poder do nosso Deus é irresistível. “Ainda antes que houvesse dia, eu sou;”, todo problema, dificuldade, adversidade, tribulação só vêm dentro do dia. Deus diz, “antes do dia, eu sou”, descansa... antes do dia que surgiu problema, Ele é. Ele é antes de todas as coisas, não Lhe pegou de surpresa, não Lhe pegou sem saber o que fazer. “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?”. Tudo está nas mãos Dele, Ele segura tudo em suas mãos, está na palma da mão dele, o mundo está na palma da mão Dele, o homem, as circunstâncias, os recursos. “...e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?

 O poder dele é supremo, total, irresistível e não para por aí, o poder dele é eterno. 1 Timóteo 6:16

6.16 aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!

 O poder Dele é para sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre e sempre! No céu não tem eleição, Ele vive e reina para sempre, o poder Dele é eterno e está ao seu favor. Ele está conosco! É uma declaração que nos garante vitória.

 Tem muita gente que quando o negócio aperta, foge, não liga mais, não fala mais, não quer saber mais, viu a pessoa de longe e vira a rua. Tem gente que é assim, o negócio apertou, mas tem gente que está junto, tem gente que está com você. Tem gente que é amigo de verdade, fiel e verdadeiro, está ali aconteça o que acontecer, haja o que houver, venha o que vier. Só que estar junto não significa que pode fazer alguma coisa, tem gente que está junto, mas não pode fazer nada. Porém, eu e você podemos celebrar e nos alegrar, porque Jesus não apenas está conosco, mas o poder Dele é supremo, total, irresistível, eterno e Ele tem poder para agir ao nosso favor.

 Você se lembra da fome? Jesus estava lá, não estava? Só que não ficou só lá, Jesus multiplicou pães e peixes e toda aquela multidão foi alimentada e ainda sobraram doze cestos cheios, porque ele tem poder. Você se lembra da tempestade? Jesus estava lá, não estava? Mas ele não estava só lá, Jesus repreendeu o vento e disse para o mar: “cala-te e aquieta-te”. E houve grande bonança, porque ele tem todo poder. Você se lembra da enfermidade da vida de Jairo? Jesus falou para ele: Jairo não liga para eles, vamos embora, estou andando contigo, crê somente. Jesus chegou naquela casa, mas apenas não chegou a casa, Jesus foi lá e levantou aquela menina, porque ele tem poder.

 Jesus chegou do outro lado no barco, veio um homem endemoninhado, preso, acorrentado, ninguém podia enfrentar, ninguém podia amansar, cadeias não podiam deter. Jesus só estava lá? Não. Jesus expulsou o demônio daquele homem, o libertou e você pode ler em Marcos 5 que aquele homem foi encontrado sentado, vestido e em perfeito juízo, porque ele tem todo poder. Jesus foi em direção daquele menino que estava morto, o filho da viúva de Naim, tocou naquele esquife e mandou levantar, e o menino teve que levantar. Ele apenas não está conosco, mas ele tem poder para agir,  para atuar, para intervir, para fazer milagre, para abrir a porta, e tem poder para derrotar o inimigo.

 Engrandeça a Deus porque Ele é poderoso! Ele tem poder, Ele tem curado, tem libertado, tem salvado, tem aberto portas, tem feito você vencer, porque Ele tem poder. Ele nos escolheu, está conosco, tem todo o poder.

 Jesus que nos garante vitória no evangelho de João 15:9. Podemos celebrar ao Senhor Jesus porque ele nos garante vitória; o céu pode passar, a terra pode passar, mas as palavras dele não vão passar. João 15:9

15.9 Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.

 Obrigada Pai pelo teu amor! A quarta declaração de Jesus que nos garante vitória é uma declaração tão simples, muitas vezes a gente ouve por diversas vezes, mas muitas vezes a gente não para pra pensar na profundidade dessa declaração. Jesus te ama! Parece uma declaração tão simples, tão superficial, mas não é. Sabe por que muitas vezes a gente não dá o devido valor a essa declaração de que Jesus nos ama? É porque, muitas vezes, estamos querendo começar a aceitar o conceito de amor lá de fora, um conceito de amor lá do mundo.

 O amor do mundo é um amor frágil, é um amor superficial, muitas vezes é um amor por interesse, é um amor raso, que acaba no primeiro problema. É um amor que acaba com o primeiro “não”, acaba com a primeira necessidade, esse é o amor lá de fora, porém o amor de Jesus não é assim. O amor de Jesus é um amor sacrificial, é um amor de aliança, um amor de compromisso, um amor de fidelidade. Aconteça o que acontecer, Jesus ama você; seja você quem for, more você onde morar, tenha o que tiver, Jesus ama você. Preto, branco, azul, amarelo, careca, cabeludo, baixo, alto, gordo, magro, olho branco, olho azul, olho amarelo, com dinheiro, sem dinheiro, com diploma, sem diploma, Jesus ama você.

 Esse é o amor do nosso Deus, Jesus nos ama, decidiu nos amar, não existe nada que a gente faça que diminua o amor Dele por nós. Jesus ama você! É aí que muitas vezes as pessoas se confundem, tem gente que pensa que amar é encobrir, é passar mão na cabeça, é encorajar tudo, não é não. Jesus ama, mas ele quer o teu melhor, quer o teu bem, Jesus fala pra você: não é por aí, sai desse lugar, para com esse negócio, larga essa amizade, sai desse relacionamento. Jesus ama você, está contigo, não te abandona, tem poder, te escolheu!

 Não rejeite o amor de Deus, não rejeite esse amor maravilhoso, Ele ama você. O apóstolo Paulo numa das declarações mais lindas diz que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Não tem tribulação, não tem dificuldade, não tem fome, não tem nudez, não tem perigo, não tem espada, não tem altura, não tem profundidade, não tem passado, não tem presente, não tem anjo, não tem demônio, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Ele ama você!

 A última declaração de Jesus que nos garante uma vida de vitória, encontramos no evangelho de João 19:30. Jesus pendurado na cruz do calvário fez uma das declarações mais lindas encontradas na sua palavra. Jesus na cruz do calvário disse: “está consumado”, Não confunda o “está consumado” com estou arruinado, não confunda o “está consumado” com estou acabado. Sabe o que ele está dizendo em “está consumado”? Está dizendo que o preço foi pago, o objetivo foi alcançado, a tarefa foi concluída, o propósito foi cumprido, a dívida cancelada, a maldição está quebrada, os seus pecados perdoados. Somos mais que vencedores pelo sangue derramado naquela cruz. Você é mais do que vencedor. É pelo sangue de Jesus derramado na cruz do calvário, sangue que nos limpa, nos purifica, nos redimi, nos compra da nossa vã maneira de viver. É por isso que  podemos celebrar, exaltar, glorificar, é dar toda a honra àquele que é digno porque o sangue de Jesus tem decretado a vitória. O diabo não tem poder, as trevas não tem poder, o inimigo não tem poder; nós somos mais do que vencedores pelo sangue de Jesus. Vamos continuar prosperando e avançando, vamos continuar crescendo, invadindo o terreno do inimigo, ganhando almas para Jesus, havendo libertação, cura, restauração e famílias abençoadas. Porque Ele nos escolheu, Ele está conosco, Ele tem poder, Ele nos ama e já conquistou a nossa vitória na cruz do calvário. Que Deus abençoe a todos!

DLGC

quarta-feira, 4 de maio de 2022

MARIA CONFESSA A JOSÉ QUE ESTÁ GRAVIDA

 

               


         Poucas palavras foram trocadas entre José e Maria quando ambos se achavam sentados juntos no telhado da casa algumas horas mais tarde, naquela noite. José mantinha a cabeça imóvel entre as mãos, os olhos fitos no chão. Não via que Maria o contemplava com infinda compaixão e com expressão tal, como se os seus olhos pudessem afastar as sombras que cobriam o rosto do jovem, cujas feições pareciam ter envelhecido.

         – Diz-me uma palavra, Maria, balbuciou José rompendo finalmente o silêncio. Diz-me que não tem razão todos aqueles que te acusaram. Diz-me que eu acreditarei. Sei que o teu coração não encerra nenhum pecado.

     Eles falaram a verdade, José.

     Quem?

– Aqueles que disseram que eu trazia em meu ventre a esperança do mundo.

     Maria, eu não compreendo o que queres dizer.

     Vou ter um filho.

Um estremecimento percorreu o corpo de José. Ele ergueu a cabeça e levantou-se depois com certa dificuldade.

– Maria, sei que não há maldade em teu coração, disse. Possa Deus proteger-te sempre, estejas onde estiveres.

Curvou-se para a esposa e a deixou a sós na escuridão. Os olhos de Maria acompanharam a sua figura. Ela o viu atravessar cambaleante o jardim e desaparecer depois entre as casas iluminadas da cidade.

Ao chegar à pequena oficina de Reb Elimelech, José atirou-se no catre e começou a meditar no que devia fazer. Não alimentava ressentimento algum para com Maria, pois, no íntimo, sabia que não podia acusá-la de infidelidade. Tinha a certeza de que ela desejara dizer-lhe alguma coisa. Seus olhos lhe haviam falado com uma eloqüência que lhe era peculiar. Achava que só mesmo a obtusidade de seu espirito é que o impedira de compreender o que eles lhe queriam dizer. Haviam-lhe suplicado para que não a julgasse... Sim, Deus proibia que ele a julgasse. Ele tinha vindo de terras distantes... Quem poderia conhecer as atribulações por que ela passara antes de se terem encontrado? Quem podia saber da amargura que lhe pesava o coração, da qual se lhe via transparecer nos olhos apenas um vislumbre? Mas seria realmente amargura o que vislumbrara em seus olhos? Sem dúvida eles eram radiantes e esparziam um mundo de felicidade. Maria dissera que trazia no ventre a esperança do mundo. Ele não compreendera – e até mesmo naquele momento não compreendia o que ela quisera dizer com isso – mas a indizível alegria de seus olhos confirmavam aquelas palavras, colocavam-na longe do alcance de qualquer pergunta e de qualquer dúvida. Não podia caber no esplendor dessa alegria um pecado. Não inspirava piedade mas sim o desejo de se partilhar a sua felicidade.

Não havia, porém, lugar para ele naquela felicidade. Deveria ter surgido algum outro – alguém que ela julgara mais digno. Não estaria ele então sendo um empecilho para ela? Não iria ele ser a lembrança viva da censura? Não quisera condená-la. Fizera a sua obrigação. Assumira a responsabilidade do que se passara, confessara publicamente ter sido o autor de um ato vergonhoso qualquer que tivesse sido cometido. Maria salvara-se das garras da lei. Nada podia suceder-lhe agora. E, quanto a ele, a única coisa que restava a fazer seria afastar-se de suas vistas e sair de Nazaré, voltar para o lugar de onde viera. O povo da cidade iria naturalmente amaldiçoá-los quando saísse. Iriam dizer que casara com uma pobre órfã tão somente para abandoná-la depois, e seria, sem dúvida, uma coisa dolorosa deixar atrás de si um nome manchado, pensou. Poderia de algum lugar distante requerer o divórcio, de acordo com as leis de Israel. o que mais lhe iria pesar no espirito seria o sofrimento que causaria então ao seu parente, o bom Reb Elimelech. Desde o momento em que chegara até aqueles últimos dias, o velho Reb fora de uma grande bondade, protegera-o com toda a força de que dispunha. José sentiu-se torturado só em pensar no mau juízo que Elimelech haveria de fazer dele até o fim de sua vida. Mas até isso ele teria que suportar. Estaria disposto a pagar qualquer preço que poupasse Maria da vergonha e da aflição que a sua presença lhe causaria. Queria que ela ficasse imaculada e inocente perante a família e o povo de Nazaré.

sábado, 30 de abril de 2022

JOSÉ SE EXPRESSA DIANTE DA CONGREGAÇÃO

 


                                 Toda a congregação desviou seus olhos de José e fixou-os no chão como se o perigo que a noiva estava correndo fosse também o deles. José não respondeu imediatamente. Somente depois de uma expectativa que pareceu eterna é que levantou a cabeça e, fitando em cheio o rabino, disse em voz clara e ressonante:

         – Declaro perante esta sagrada congregação que minha noiva Maria, a filha de Hanan, é casta e sem mácula. Ela é inocente de toda e qualquer culpa, pois o culpado sou eu... Tratai-me agora de acordo com a lei.

         Suas palavras romperam a tensão reinante, seguindo-se-lhe forte reação. Punhos cerrados o ameaçavam de todos os lados. Subia na sala um vozerio eivado de ódio e ouviu-se, dominando aquele tumulto, Cleofas esbravejar, completamente fora de si.

         – Hei de exigir-lhe reparações! Hei de faze-lo indenizar toda a família!

         – O que foi que eu disse? gritou o sacerdote. Por acaso faltavam jovens nesta cidade para que abandonássemos a órfã Maria a este estranho que está fazendo a nossa mais nobre família passar por grande vergonha?

         O rabino impôs mais uma vez silêncio à multidão. Sentia-se aliviado, sabendo que havia afastado uma grande desgraça. Voltou-se para os parentes da noiva e disse:

         – O nosso jovem amigo José ben Jacob acaba de declarar-nos que desposou a noiva na maneira santificada pela Tora e pela lei de Moisés e Israel. Ele não lançou nenhuma vergonha sobre a família e ninguém tem direito de exigir-lhe satisfações. A partir de hoje, Maria, filha de Hana, é sua esposa legal e – virando-se para José – faço votos para que a vossa união seja abençoada com alegria e felicidades.

         O rabino encaminhou-se depois para José que ficara completamente confuso, estendeu-lhe a mão. Por fim, voltou-se para os presentes e concluiu com as seguintes palavras:

         – Povo de Nazaré! Construiu-se um novo lar em Israel! Desejemos a ele uma eterna ventura.

         O seguinte a aproximar-se de José foi Reb Elimelech.

         – Como sabes, José, não recorremos a tal processo em Israel, e eu esperava que a filha de meu irmão merecesse um casamento no altar. Mas com a ajuda de Deus o teu casamento será abençoado e tua esposa te dará muitos filhos e tu lhes proporcionarás uma boa educação.

         O velho retirou-se depois deixando José sozinho na sala do tribunal.

 

*

quarta-feira, 27 de abril de 2022

O RABINO DA CIDADE INTERROGA JOSÉ

                         



         – José ben Jacob, começou o rabino balançando o corpo, como se estivesse rezando, e cofiando os fios brancos e sedosos da barba, chegaram-nos informações que dizem respeito à jovem Maria, da qual ficastes noivo não faz muito tempo. O assunto nos deixou bastante apreensivo e clama por uma explicação... Fez uma pausa, e o movimento de seu magro corpo quase parecia Ter-se perdido nas espessas dobras da túnica. – Pois, mesmo que tais coisas tenham ocorrido no passado – conforme sabemos de casos anteriores que chegaram aos nossos ouvidos – tal não é, porém, o nosso costume na Galiléia. Contudo, o ato a que me refiro somente é permissível se o noivo admitir tê-lo praticado para fins de casamento. Portanto, peço-vos agora, José ben Jacob, dizerdes a este tribunal se desposastes a vossa noiva, a referida Maria, por meio de coabitação e se sois o pai da criança que ela traz em seu ventre.

         José não respondeu. Seu rosto tornou-se lívido. Fechou os olhos e deixou cair a cabeça sobre o peito, tomado de desespero e vergonha. Não viu os olhares rancorosos de Cleofas, o cunhado, e do sacerdote Hanina, os quais ocupavam os bancos laterais reservados à família da noiva. não reparara nas feições pálidas e transtornadas de Reb Elimelech, cujas rugas pareciam ter-se tornado mais profundas naqueles últimos dias. Esquecera-se da presença do rabino e de seus assistentes e do chefe da sinagoga, o venerável Reb Jochanan, um dos filhos de Issachar, membro do tribunal. Nem mesmo ouvia o murmúrio abafado da congregação, a qual ocupava os bancos do fundo e se comprimia na entrada da sala. Tampouco via os rostos das mulheres e das jovens que o observavam através das janelas. Parecia esmagado ao peso daquele golpe inesperado. O seu próprio corpo deu de repente a impressão de que diminuíra, como se lhe tivesse esvaído o sangue. E ele continuou encerrado no seu silêncio.

         Toda aquela gente ali reunida no tribunal juntou-se ao seu silêncio. Todos como que prenderam a respiração para ouvir o que o jovem forasteiro diria contra a acusação que lhe faziam. José, porém, persistia em sua mudez.

         – O silêncio eqüivale a uma confissão, declarou por fim Reb Elimelech,   ansioso por dar paradeiro à dolorosa tensão. Mas o rabino insistiu:

         – Esta questão é demasiado grave e não podemos abandoná-la tão somente por causa de uma confissão pelo silêncio, declarou. José ben Jacob, peço-vos, pela Segunda vez, em nome deste justo tribunal, que declareis perante nós se consumastes ou não o casamento pela coabitação, ou se estais inocente nessa questão e não sois o pai da criança que a vossa noiva Maria traz em suas entranhas.

         As palavras do rabino ecoaram lugubremente, tornando o silêncio reinante mais profundo ainda. Todos os presentes tiveram a consciência viva da importância que elas representavam. O medo apoderou-se do espirito de todos. Era como se o ar parado da sala do tribunal tivesse sido agitado pelas asas de um anjo fatal. Todos sabiam o que aconteceria se José negasse a sua participação no caso, esperavam com profunda ansiedade a sua resposta.

         Um gemido prolongado rompeu o silêncio. Foi entre soluços que José gritou:

         – Ó Pai Celeste! Estaríeis assistindo a essa humilhação de uma inocente filha de Israel?

         – O que foi que ele disse? O que foi? ouviu-se cochichar entre os espectadores.

         – Explicai o que quereis dizer, José ben Jacob, ordenou o rabino.

         – O que quero dizer é o seguinte: Qual foi o homem ou a mulher que lançou essa infâmia sobre a minha noiva?

         O rabino e seus companheiros juízes ficaram aturdidos.

         Foi como se a acusação do jovem os visasse diretamente. Passado um instante, os parentes da noiva ergueram-se tumultuosamente. Cleofas parecia ter recebido uma aguilhoada e sacudiu um punho ameaçador para o acusado. Atrás dele via-se o sacerdote Hanina que gesticulava freneticamente. Da porta de entrada vinha um vozerio confuso que aumentava de intensidade. O rabino levantou a mão impondo silêncio e recomeçou em voz trêmula:

         – José ben Jacob, Deus é testemunha de que não partiu deste tribunal a acusação que pesa sobre vossa noiva. antes de vos chamar para comparecerdes neste tribunal, tínhamos recebido informações que nos haviam deixado bastante inquietos. Não nos deixamos, porém, guiar apenas por elas, esforçamo-nos muito por investigar o caso, ouvimos testemunhas de integridade impecável – muitas matronas e jovens que ouviram a vossa noiva, a jovem Maria, confessar que ia ser mãe e invocar o Nome Sagrado e agradecer a Deus pela graça que Ele lhe dera. Ouviram-na dizer isso não apenas uma ou duas vezes, mas sim muitas vezes. Foi no poço, onde ia buscar água todas as manhãs e todas as tardes, que ela confiou esse fato a suas amigas. E ainda protelamos o julgamento, pois quisemos ouvir mulheres versadas nessas questões, as quais nos declararam que não havia dúvida alguma de que vossa noiva estava em estado de gestação. Não vemos motivo para duvidar do depoimento dessas testemunhas. Pedimo-vos, pois, pela terceira vez, que declareis publicamente, perante a congregação aqui reunida, se é fruto vosso a criança que vossa noiva Maria traz em seu ventre. Se, livrai-nos Deus, algum outro homem for o pai da criança, sabereis então a desgraça que pairará sobre vossa noiva, sobre a casa de sua genitora e sobre todos nós nesta sagrada congregação. José ben Jacob, tirai a mancha que cobre o nome de uma filha de David! Aplacai a inquietação que reina nos corações desta comunidade de Israel! Confessai!

domingo, 24 de abril de 2022

AS MULHERES DE NAZARÉ ESCANDALIZAM-SE COM MARIA

 

AQUELA OCORRÊNCIA no poço tornou-se pouco tempo o tema de conversação em toda a cidade. Tanto as jovens como as matronas aguçavam a vista em direção a escandalosa virgem, procurando confirmação das suspeitas que as suas palavras haviam despertado. Faziam-no em qualquer lugar em que ela estivesse, fosse no mercado ou no poço, algumas com timidez, outras com ar de conhecedoras.

         – Bobas que sois! A barriga dela já está volumosa e ainda estais procurando descobrir qualquer sinal! escarneceu uma viúva que tinha a pretensão de conhecer algo do ofício de parteira.

         – O novo carpinteiro gosta de furtar os figos antes de estarem maduros, declarou a outra.

         Não demorou muito para que os boatos chegassem aos ouvidos das autoridades, e o rabino, juntamente com os juízes do tribunal, decidiram que o caso exigia uma investigação oficial.

         Acontecia que, sob o ponto de vista estritamente legal, o ato de coabitação entre noivo e noiva não constituía crime. De fato, era uma das três maneiras reconhecidas cara concluir um contrato de casamento. No entanto, deve-se acrescentar que a sua legalidade não amenizava de forma alguma a ação indecorosa, pois tais relações com uma noiva eram consideradas violação brutal do decoro e uma nódoa que ficaria para sempre na família da noiva. todavia, o ato em si não era suscetível de punição contanto que o noivo confessasse ser o autor e declarasse publicamente que escolhera tal método como o meio de consumar o casamento. No entanto, se ele negasse a sua participação no caso, a culpa de infidelidade caía toda sobre a noiva, a qual seria então estigmatizada como adúltera, e, para o crime de adultério, as leis de Moisés admitiam apenas uma punição – morte a pedradas. Com tal ameaça a pairar-lhes no espirito, as autoridades não sentiam disposição para mortificar uma filha de Israel, acusando-a de um crime capital. Decidiram, por conseguinte, interrogar primeiro o noivo. O caso ficaria encerrado imediatamente, se ele confessasse o fato.

         Como se poderia esperar, José ignorava completamente os boatos que agitavam a cidade, não obstante a nuvem de tristeza que pairava sobre os seus parentes. Cochichavam sempre a seu redor. Ficavam com as fisionomias carregadas toda a vez que ele aparecia, e mesmo assim José mal percebia a transformação e, certamente, estava longe de suspeitar a verdadeira causa de tudo aquilo. Achava-se demasiadamente absorvido com os preparativos de seu próximo casamento e economizava os seus magros ganhos para poder comprar presentes para a família da noiva e o vinho que deveria fornecer para a festa. Sabia o conceito em que um homem era tido pelo número de copos que se bebia nessa ocasião.

         José estava tão embebido nos preparativos e a eles se dedicava com tal ardor, que nem deu pela mudança na atitude de seu parente e amigo, Reb Elimelech, o qual começara a afastar-se dele, quase deixando mesmo de responder às suas saudações. Na família da noiva, as coisas eram ainda piores; seus membros murmuravam com azedume contra o jovem intruso que lhes destruíra a paz. A própria mãe de Maria refugiara-se num canto da casa numa noite em que José fora visitar a noiva.

         Foi na sinagoga que José viu que todo o mundo o evitava. Os homens não deram atenção às suas saudações e evitavam passar perto do banco em que se achava. Viu o olhar de zombaria e de desprezo que lhe atiravam. Ficou completamente surpreendido com aquele tratamento, pois ignorava tivesse cometido qualquer falta. Teria, ao mesmo tempo, rejeitado veementemente a idéia de que aquela hostilidade geral que começara a pesar-lhe terrivelmente no espirito tivesse qualquer relação com a noiva, principalmente com a sua castidade. Teria imposto o silêncio a qualquer homem que ousasse ferir a honra de uma filha de Israel. Permaneceu assim, na ignorância dos fatos, pois não encontrava justificativa para o tratamento cruel que lhe estavam dispensando.

         Foi, portanto, com genuína e profunda surpresa que recebeu uma intimação para comparecer perante o tribunal de Nazaré.

 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Os Comentários em Nazaré Sobre Maria

 

Os boatos, porém, espalharam-se como um incêndio numa floresta. Surgiu uma nova profetisa em Israel, dizia-se, e não é outra senão a filha da viúva Hannah e do falecido carpinteiro Hanan. A mesma Maria que há poucos dias ficou noiva do recém-chegado José. Circulavam histórias de visões que a jovem tinha. Dizia-se que um espírito se havia apoderado dela e que era esse espírito – e quem poderia saber qual era – que falava por seu intermédio toda a vez que abria a boca. Seria o espírito de Deus ou – Deus nos livre – o de Satã?

As moças da cidade foram as primeiras a ouvir, certa vez, sobre o espírito que dominava Maria.

A jovem continuara a ir todas as manhãs tirar água do poço da comunidade. Hannah deixava-a ir, muito contra sua vontade, embora fosse muito natural que as mães mandassem as próprias filhas fazer tal serviço.

Acontecia que o poço era o ponto de reunião das mulheres, o centro de onde se irradiavam todas as notícias, mexericos e escândalos. Era ali, às primeiras horas da manhã, que as mulheres trocavam, entre cochichos e gargalhadas, as suas confidências e contavam umas às outras os acontecimentos da véspera, o que se dizia recentemente de determinado homem ou mulher. É desnecessário dizer que a conduta de Maria constituía rica fonte de mexericos para as mulheres fofoqueiras. Todas as manhãs suas vizinhas corriam para o poço e, com voz ainda arquejante, contavam às companheiras o que tinham ouvido a jovem cantar no telhado da casa da mãe — que ela havia sido escolhida, entre todas as moças de Israel, para ser a mãe do Messias de Israel.

Numa daquelas manhãs, quando Maria aproximava-se com a bilha sobre a cabeça, observou um grupo compacto de mulheres junto ao poço cochichando entre si. Os olhos delas, todos sem exceção, estavam fitos em Maria, de modo que não havia dúvida quanto ao assunto da conversa. Quando Maria chegou à boca do poço, todas se afastaram para dar-lhe passagem, embora não fosse ainda a sua vez. Mas assim que ela encheu a bilha e virou-se para voltar para casa, viu-se cercada pelas mulheres, que lhe bloquearam o caminho. Uma delas, o rosto queimado de sol, e com uma argolinha de latão pendente do nariz – a quem chamavam de “Avihu de Má Língua”, postou-se à sua frente, de mãos à cintura, e perguntou com ironia:      — Então foste tu a escolhida para trazer a esperança aos judeus e ser a mãe do Filho de Deus?

— Não é que ela parece agora uma matriarca, tal e qual Raquel e Lia? — zombou outra.

— Fui escolhida por Deus para participar do plano de salvação para Israel — respondeu Maria, como se a pergunta lhe tivesse sido feita de boa-fé.

— Como é que sabes? — perguntaram-lhe novamente. Se ainda não te deitaste com um homem, como poderás saber que essas coisas te irão acontecer? Talvez Deus feche o teu ventre a sete chaves.

— Quem sabe? Um fruto roubado é mais saboroso —, acrescentou a velha Tamar, mulher que há muito tempo tinha sido abandonada pelo marido. Concluiu suas palavras com uma gargalhada que pôs a mostra as ruínas de sua boca.

Maria passeou o olhar em volta. As mulheres não arredaram o pé do círculo que tinham feito. Viam-se no rosto de todas elas o ódio e a malícia. A jovem sentiu um calafrio subir-lhe à espinha e, largando a bilha, caiu de joelhos e ergueu as mãos. Não disse palavra, mas o tremor dos seus lábios e a palidez que lhe cobriu o rosto assustaram as mulheres, as quais se puseram a correr, quase caindo umas sobre as outras. Pararam à distância e continuaram a observar, com os olhos arregalados, a jovem, e ouviram, assustadas, as palavras que saíam dos lábios dela, como o cântico de um salmo que tivesse sido pronunciado pela primeira vez em toda a terra de Israel:

— Deus reservou coisas extraordinárias para mim. Como uma águia Ele desceu até ao meu quarto; como um pássaro real carregou-me em suas asas até às nuvens. Não foi entre os cedros do Líbano nem entre as montanhas da Judeia que construiu o Seu ninho, porém entre as tenras varas do canavial da Galileia. E foi na humilde casa de meu pai que elegeu a mais insignificante de Suas servas para conceber em seu ventre a Esperança de Israel. Aquele que será concebido em meu ventre trará o auxílio e a salvação, os quais não conhecerão fronteiras nem deixarão de estender-se por toda a Terra e pelos Céus, por toda a eternidade!

— Ouviram o que ela disse? Ouviram? — gritou uma das mulheres em voz estridente e histérica. — Ela mesma disse que traz em seu ventre a Esperança de Israel!

Então as mulheres saíram em desabalada correira rumo às suas casas, para espalhar a espantosa notícia de que uma virgem em Nazaré afirmara que seria a mãe do Messias!   

(Continua amanhã)

SHLOMO YITZHAK

França (1040-1105)

(Transcrito em português contemporâneo, adaptado, revisado e enriquecido por Jefferson Magno Costa)

    

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Os Habitantes de Nazaré Notam a Transformação de Maria


      

     Não levou muito tempo para que todos em Nazaré começassem a comentar a transformação que se operava em Maria. Viam muitas vezes a jovem dirigir-se para lugares sossegados, demonstrando inexplicável predileção pela solidão, em vez de procurar divertir-se com as amigas e usufruir da companhia do noivo. Todavia, a sua melancolia não era das que costumam irritar o observador. Ao contrário, parecia irradiar notas melodiosas de uma canção, as quais ressoavam nos corações das pessoas, enchendo-as de estranha alegria.

      Todos se sentiam mais felizes em sua presença. Porém, em outros momentos, tinha-se a impressão de que a sua companhia causava certa inquietude. Todos achavam que era preferível não olhar em seus olhos. Até mesmo a mãe se sentia estranhamente perturbada quando a via sair do quarto pela manhã. Nessas ocasiões, parecia que um véu de luz envolvia a jovem, e o brilho que refletia em seus olhos parecia ter algo de celestial.

      Vendo-a assim uma manhã, perguntou-lhe a mãe, com a voz trêmula, dominando a emoção:

      — Maria, minha filha, tu me pareces muito estranha. Por amor de Deus, diz-me o que foi que aconteceu?

      — Não sei o que a senhora quer dizer com isso, mamãe.

— Como não sabes, Maria? Dás a impressão de que um anjo está andando à tua volta. Até parece que lhe ouço o bater das asas.

— Deus deixou que Sua graça caísse sobre mim, mamãe — respondeu Maria com simplicidade e sem constrangimento.

— Nós todos temos a graça de Deus, assim penso — retrucou Hannah, lançando um olhar penetrante para a filha.

— Eu sei, mamãe, mas é que o nosso Deus me escolheu para trazer conforto e esperança aos oprimidos. Fui escolhida por ele para ser a mãe daquele que resgatará Israel.

— Maria, tuas palavras me causam aflição. Alguma coisa se passou contigo. Não sei o que é, mas uma coisa te peço: Não deixeis essas palavras caírem nos ouvidos dos estranhos. As más línguas falariam mal de ti.

 Que mal poderiam falar de mim, se o Criador me protege? Ele está ao meu redor como um cinturão de fogo. A quem devo temer se Ele me escolheu para conceber a esperança de Israel?

Hannah empalideceu de pavor.

— Rogo a Deus que não me envergonhes, Maria disse ela, e que Ele faça que tudo corra bem.

Tomou depois a filha pela mão e conduziu-a para o seu quarto, acrescentando:

— Fica aí entre essas paredes. Receio que apareças para os outros e comeces a falar sobre isso.

Mas todos os habitantes de Nazaré vieram a saber disso. Muitas vezes, em plena luz do dia, Maria costumava ajoelhar-se em oração quando trabalhava na sua horta ou jardim. Outras vezes, à noite, permanecia ereta no telhado da casa, sozinha, contemplando as estrelas, ou caía de joelhos, as mãos levantadas para o céu, e entoava os salmos de Davi ou uns versículos que ela mesma compunha, e cuja razão de ser ninguém compreendia. Não eram versículos de uma profetisa, mais pareciam palavras de adoração de uma sacerdotisa. Cantava alegres hinos de louvor e magnificats ao Altíssimo pelos milagres que nela se haviam operado. Seus cânticos referiam-se às promessas cumpridas, a obrigações antigas assumidas para com os Patriarcas, à aproximação do dia da salvação, da grande redenção.

— Que se abram as portas da glória para o Santíssimo de Israel! — cantava ela. — Os cativos e os pobres anseiam pela Sua vinda! Os cânticos de toda a Terra se elevam para Deus!...

A viúva Hannah costumava despertá-la daqueles deslumbramentos. Erguia-a, ajudava-a a descer a escada e conduzia-a para o interior da casa. Não queria que o estado d’alma da filha alimentasse os mexericos do povo.

(Continua amanhã)

SHLOMO YITZHAK

França (1040-1105)

(Transcrito em português contemporâneo, adaptado, revisado e enriquecido por Jefferson Magno Costa)

 

terça-feira, 19 de abril de 2022

A NOVA VIDA DO CASAL

 CAPÍTULO V

      FUGIA ÀS BOAS NORMAS observadas pelos judeus os noivos mostrarem-se juntos mais vezes do que o necessário. O bom-tom ditava, até mesmo para os casados, certa restrição à frequência de seus aparecimentos em público. José instalara-se, por isso, na casa de seu parente Reb Elimelech, onde iria passar os meses que ainda o separavam de seu casamento. Ia durante o dia às carpintarias da cidade, para as quais trabalhava como jornaleiro. À tarde, terminado o serviço, visitava a noiva e ajudava-a na horta ou no jardim, ou então preparava a sua oficina de carpinteiro na casa da viúva onde iria viver depois do casamento. Havia, pois, poucos momentos para uma comunhão mais íntima com a noiva.

      Somente aos sábados e dias de festas é que se quebrava a regra. José passava o dia todo na casa de Maria e, às vezes, ficava alguns ligeiros momentos a sós com a jovem, justamente quando saíam para cuidar das plantações – quando Maria lhe mostrava, cheia de orgulho, as suas hortaliças, as umbelas brancas e amarelas dos endros, ou quando, por breves instantes, observavam o pequeno rebanho de carneiros que, à volta do pátio, aguardavam o momento de comer no cocho. Disse-lhe José, numa dessas ocasiões, sem ousar olhar para ela:

      — Se for do agrado de Deus, poderemos construir juntos a nossa casa, e tu, Maria, haverás de participar de tudo com que Deus me favorecer. Tua boca ditará as ordens em minha casa e tua mão é que a sustentará, pois a verdade é que Deus me deu, como esposa, uma mulher de valor.

      Maria sentiu as faces arderem. Abaixou a cabeça e não respondeu.

      Uma noite, depois de passadas as celebrações do sábado, estava ele sentado a seu lado na casa da viúva. A luz bruxuleante de uma lamparina mal os alcançava. A viúva Hannah se achava na despensa, na extremidade oposta da sala, arrumando uns queijos e frutas secas que fora buscar na parte superior da casa para vendê-los no dia seguinte na grande cidade de Sepphoris.

      Os preparativos para o casamento da filha exigiam muitos recursos. Tinha-se que reservar grande quantidade de vinhos, embora se contasse, para isso, com o auxílio do noivo. Mas o que dizer do óleo, do azeite, das frutas secas, dos pães e da carne de galinha que se comia em um casamento com tão grande número de convidados? Seria uma carga pesada para a viúva, razão por que começara a preparar as provisões. Para isto, vendia as sobras de frutas, hortaliças e lacticínios nos mercados das cidades vizinhas.

      Seus problemas não eram apenas de ordem financeira. Mesmo descendendo de um sacerdote, nunca pudera entender a engrenagem da lei no tocante ao pagamento do dízimo. Não sabia se tinha ou não de pagar o dízimo dos levitas sobre as hortelãs e as uvas, se precisava pagá-lo também sobre as alcachofras e os preciosos aspargos. Perguntava a si mesma como poderia guardar tudo aquilo na cabeça, se muitos frutos e hortaliças davam em estações diferentes. E assim aguardava a vinda de Hanina ben Safra, o sacerdote da cidade. Pelas marcas anteriores, ele poderia dizer-lhe quais os produtos ainda sujeitos ao pagamento do dízimo.

      Ele não demorou muito tempo a chegar. Logo ela ouviu os seus passos pesados e viu, através das fendas da ombreira da porta, a luz de sua lâmpada. Hanina bateu impacientemente com a vara na soleira, pois dispunha de pouco tempo. Tinha de visitar naquela mesma noite muitos outros aldeões nazarenos a fim de dizer-lhes quais de suas colheitas podiam ser levadas com segurança ao mercado, e quais as que estavam ainda para ser tributadas. Hannah apressou-se a recebê-lo, deixando José e a filha a sós.

      José deixou passar um momento e aproximou-se depois da noiva, murmurando-lhe ao ouvido:

      — Se for da vontade de Deus que dediques tua vida a mim conforme as leis de Moisés e de Israel, serás então para mim o que Raquel foi para Jacó, pois a minha alma anseia ardentemente pela tua.

      Maria não disse palavra. José rompeu o silêncio que sobreviera:

      — E se, pela vontade de Deus, me deres filhos, nós os educaremos para que sejam ricos de saber e de boas ações.

      Ao ouvir estas palavras Maria ergueu lentamente a cabeça e fitou o noivo. Apesar da escuridão que começava a envolvê-los, José percebeu uma luz misteriosa a brilhar nos olhos da jovem, o que o surpreendeu. Afastou-se inconscientemente e, sentindo um súbito temor, perguntou-lhe em voz trêmula:

      — O que se passa contigo, Maria? Já não és a mesma.

      — O que se passa comigo? Por quê?

      — Não sei, mas... estou com receio de ti, Maria.

Ela o olhou novamente, e seus lábios esboçaram um leve sorriso.

— Por que haverias de ter receio de mim, José? Tu és meu noivo e me conheces há muitos dias.Mas tu mudaste, não ficavas assim tão triste.

— Não estou triste, José. Ao contrário, o meu coração está muito alegre, alegre como a cor viva da romã.

— E o Senhor abençoará o fruto de teu ventre como abençoou a romã.

— Se for da vontade de Deus, o fruto de meu ventre será consagrado inteiramente a Ele — declarou subitamente com firmeza a jovem.

Estas palavras deixaram José silencioso. Ele empalideceu. O que ouvira foi um voto solene que ele não esperava. Não estava preparado para tal sacrifício – ceder o seu primogênito para o serviço de Deus, pois foi isso o que julgou entender das palavras dela. Meditou por alguns instantes, procurou avaliar a importância daquele voto, e sentiu uma amargura no coração ao pensar no filho ainda por nascer, que já naquele momento ia ficar privado do que ele, seu pai, pudesse lhe deixar como herança em Israel.

Tornou a olhar o rosto de Maria, esperando talvez convencê-la a renunciar àquele voto. A escuridão da sala tornara-se mais densa e fez com que o brilho transcendente dos olhos de Maria assumisse maior intensidade. José sentiu-se desalentado e, abaixando a cabeça, disse cheio de humildade: 

      — Fizeste esse voto, Maria. Vais dedicar teu filho ao Senhor, da mesma maneira como Hannah o fez com Samuel. Portanto, será a Deus que ele haverá de pertencer.

      Tremera-lhe a voz, o que fez com que Maria se voltasse vivamente para ele e dissesse, como se quisesse consolá-lo:

      — Mas José, tu sabes que tudo que vem de Deus, a Deus pertence.

      Ele, porém, não compreendeu. Fechou os lábios e guardou silêncio.

      Nesse momento a viúva Hannah tornou a entrar na sala, seguida do sacerdote. Hanina lançou um olhar ferino ao casal de jovens que estava sentado junto no canto mais escuro da sala e, apontando a vara na direção deles, agitou-a muitas vezes como se fosse dar uma surra neles.

      — É essa a maneira de os noivos se conduzirem em Israel antes de estarem unidos pelas leis de Moisés?

      José saltou do banco, as faces rubras de vergonha. Maria permaneceu imóvel, os olhos cravados no chão.

      — Aqueles que são puros são também puros em todas as suas ações — respondeu a viúva, procurando amenizar o constrangimento causado pela repreensão do sacerdote. Afinal, o dia do casamento já estava próximo.   

      A figura volumosa do sacerdote virou-se para ela:

      — A alta linhagem da qual descende vossa filha impõe-lhe certa responsabilidade. Um procedimento como esse não condiz com a sua posição — Ao dizer isso, sacudiu a cabeças à maneira de quem tivesse sofrido um desagradável desapontamento, e retirou-se.

(Continua amanhã)

SHLOMO YITZHAK

França (1040-1105)

(Transcrito em português contemporâneo, adaptado, revisado e enriquecido por Jefferson Magno Costa)