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terça-feira, 29 de março de 2022

A FAMILIA DE JESUS

 

CAPÍTULO 1 

José Vai a Nazaré e Pede Maria em Casamento

 


TODO AMANHECER REPETE O INÍCIO DA CRIAÇÃO DO MUNDO. Contemplar a Terra na sua luta para libertar-se da impenetrável escuridão da noite é como assistir o espetáculo da Criação, jamais visto por qualquer olho humano.

      Naquele amanhecer, o véu da noite ainda pairava sobre as cristas dos montes. Pouco a pouco diminuía no céu a claridade das estrelas. Na escuridão do vale, as pequeninas casas adormecidas de uma aldeia judaica se aninhavam umas contra as outras, protegidas de ambos os lados por ciprestes e oliveiras. Nos montes podia-se ver as folhas das plantas estremecerem salpicadas pelo orvalho, balançando-se sob o vento frio que soprava como uma oração muda.

      Um jovem viajante cavalgava por aqueles montes orvalhados. Vestia um manto branco com capuz para proteger-se da umidade da noite. Soltara as rédeas, deixando que o jumento escolhesse o caminho através das plantações e do roseiral silvestre. Ele vinha mergulhado em pensamentos. Fazia a si mesmo várias perguntas.

      Será que Deus o abençoaria naquela jornada, levando-o a receber as boas graças dos seus parentes em Nazaré (Natsrat, na pronúncia hebraica)? Será que o Deus de Jacó, que fora com o patriarca até a casa de Labão e ali o casara, também lhe daria uma esposa entre os seus parentes nazarenos?

      Apesar de pobre, o viajante descendia de uma nobre família, a mais ilustre de Israel, a Casa de Davi. Não era tarefa fácil para um descendente de linhagem real encontrar para si a esposa que lhe convinha.

As nobres famílias de Israel mostravam-se muito zelosas em preservar a pureza de sua linhagem, e exigiam que todos os seus membros somente se casassem com pessoas de seu próprio nível e posição. Em um lar judaico, nada era conservado com maior zelo do que o registro de seus antepassados, transmitido de geração a geração.

Se um homem casasse com uma mulher de nível inferior, seus parentes se reuniam na praça do mercado, chamavam as crianças de várias casas e, com solenidade, distribuíam entre elas nozes e bolinhos de mel, dizendo-lhes:

“Tal membro de nossa casa tomou por esposa uma mulher indigna. Receamos que seus filhos venham a misturar-se com os nossos. Lembrem-se, pois, para sempre, de que os filhos desse homem não devem casar-se com nenhum membro de nossas famílias”.

Tendo recebido as nozes e os bolinhos de mel, e sendo orientadas antecipadamente, as crianças respondiam: “Não deixaremos que os filhos desse homem se casem com nenhum ou nenhuma de nós”.

      Se pessoas comuns se mostravam tão zelosas por manter a pureza de sua linhagem, mais zelosas ainda se mostravam as poucas famílias que descendiam da Casa real de Davi, de cuja linhagem haveria de nascer, em dias futuros, o Messias.

(Continua amanhã)

SHLOMO YITZHAK

França (1040-1105)

(Transcrito em português contemporâneo, adaptado, revisado e enriquecido por Jefferson Magno Costa)

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