Acusa-se o homem, e louva a
misericórdia de Deus.
Muitas
coisas, Eterno criador, te tenho suplicado; e o difícil é, que nenhuma
tenho merecido. Confesso, Senhor, (Oh que dor! ) confesso, que não só não
mereço os preciosos dons, que te peço, mas que só sou merecedor
dos maiores, e mais rigorosos tormentos. Com tudo isso porém me alentam, e dão
ânimo os publicanos, os ladrões, e as mulheres pecadoras, pois a todos em um
momento livrastes das garras do inimigo infernal e como bom Pastor recolhestes
em teu seio estas ovelhas desgarradas, e perdidas: porque tu, que és
criador do céu, e terra, então que sejas admirável em todas as tuas obras, com
tudo mais admirável te mostras sempre nas clemências e na piedade; e por isso
falando de ti mesmo por boca de teu servo Davi nos disseste: As
misericórdias do Senhor vencem, e sobrepujam todas as suas obras. E o que disseste ao teu povo
amado, cremos, e confessamos, que também de nós: Não apartarei a misericórdia. Porque
a ninguém desprezas, a ninguém
aborreces, e a ninguém rejeitas, senão ao que por estar de ti afastado, e
ausente, te aborrece; e não só não feres, e maltratas aos que te irritam, para
que sobre eles descarregue o tremendo flagelo da tua justa indignação;
mas aos mesmos pecadores inimigos teus, ó bondade imensa! ó amor infinito!
repartes com mão liberal os teus dons, quando deixando de pecar te buscam
arrependidos.
De Agostinho
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