Senhor protetor e de providencia,
acalenta a minha alma na fraqueza, para que não pereça: afasta a sede da
avareza, e inveja, que mata; não permita que minha alma cometa qualquer desacato ou injuria: dissipa, e destrua toda a temeridade, e presunção; a
obstinação, e pertinácia; a ociosidade, e inquietação; a sonolência, e
preguiça; a rudeza, e estupidez: a dureza de entendimento, a rebeldia da
vontade, a grosseria da memória, a inconstância do coração, a insensibilidade
aos conselhos, e repugnância ao bem, a inclinação ao mal, e a desenvoltura da
língua. Não seja eu cruel com os pobres, violento com os fracos,
calunioso com os inocentes, descuidado com os súditos, severo com os
domésticos, escabroso com os próximos, ingrato com os benfeitores, e com os
inimigos insofrível, e insolente. Deus meu, e misericórdia minha, prostrado na
tua divina presença humildemente te suplico por teu dileto Filho, e Senhor
meu, me assista sempre com eficazes auxílios da tua graça, para
que com fervor me exercite em todas as obras de piedade, e misericórdia, que me
compadeça dos miseráveis, encaminhe aos perdidos, ensine aos ignorantes,
socorra aos necessitados, ajude aos pobres, levante aos caídos, favoreça aos
desamparados, alegre aos tristes, perdoe aos devedores, ame aos que me ofendem,
e aborrecem, retribua bem por mal, a ninguém despreze, a todos respeite, imite
aos bons, evite aos maus, abrace as virtudes, fuja aos vícios; nas adversidade
tenha paciência, temperança nas propriedades, ponha freio à minha boca, pise a
terra, e aspire só ao céu.
De Agostinho
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